"Uma criança é como o cristal e como a cera. Qualquer choque, por mais brando, a abala e comove, e a faz vibrar de molécula em molécula, de átomo em átomo; e qualquer impressão, boa ou má, nela se grava de modo profundo e indelével." (Olavo Bilac)

"Un bambino è come il cristallo e come la cera. Qualsiasi shock, per quanto morbido sia
lo scuote e lo smuove, vibra di molecola in molecola, di atomo in atomo, e qualsiasi impressione,
buona o cattiva, si registra in lui in modo profondo e indelebile." (Olavo Bilac, giornalista e poeta brasiliano)

sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Meninas também usam azul

Cintia Liana

Minha filha vai usar só azul, claro! Brincadeira, ela vai usar todas as cores do arco íris e muito mais, ela vai nascer com esse direito, de conhecer tudo.

Mas quem se chocou com a afirmação deve se perguntar se ainda está vivendo na mesma época em que a mulher não usava calças, não podia votar e não trabalhava fora de casa.

Sinceramente, por segundos eu fico achando que as pessoas estão brincando comigo quando fazem cara de crítica, de deboche e de superioridade quando compro uma pecinha azul clara para minha filha. Será que na cabeça fantasiosa de quem pensa assim ela vai se tornar menino só por isso? Ou vai querer ser gay? Não sei de onde vem essa mentalidade. Isso é algum tipo de religião ou superstição? Isso ainda existe no Brasil? Porque aqui na Itália falam isso com naturalidade.

Gente, eu estudo teorias sistêmicas super difíceis de compreender, tento organizar adoções internacionais super complicadas e uma pessoa vem me dizer que menina não pode usar azul? É subestimar muitíssimo a inteligência alheia.

Enquanto eu me preocupo em como introduzir de maneira justa de uma só vez três idiomas em sua educação ou em como usar os florais certos deste cedo para despertar seus potenciais mais criativos as pessoas me questionam porque eu compro azul para ela. Pode? Culturazinha atrasada de merda, viu?
Não dou palpite na vida de ninguém, muito menos por uma palhaçada dessas. Me preocupo é com as crianças que vivem em situação de miséria e que devemos fazer algo, encontrar famílias adotivas, mudar as leis, acabar com os preconceitos.

Eu luto justamente pelo contrário, para minha mente se limpar dessas idiotices que não têm fundamentação teórica nenhuma. Cansada! Tem gente que critica tudo! Então penso em quem só me faz bem.

Não tem como não imaginar as mães adotivas, o que não sofrem com as críticas mais desumanas e ignorantes.
Minha filha vai usar sim a cor do “poder divino”, que é o azul, assim como vai usar todas as outras. Ela será educada para respeitar as diferenças e saber amar, estando ela com uma camisetinha bem chic azul ou rosa. Aí sim, a camisetinha é que não pode ser brega ou cafona. E mesmo assim não critico ninguém que seja brega por natureza. Mas mesmo assim, minha filha vai aprender a ter bom gosto desde cedo e saber identificar o que é de qualidade em tudo, começando pelos conceitos.

Por Cintia Liana

2 comentários:

Caroline Garcia disse...

Muito legal, Cintia. Sempre achei isso ignorância. Minha filha usava azul (lembro que colocava lacinhos de fita azul turquesa no cabelinho dela, e ficava uma graça!), e isso não fez com que ela fosse menos feminina... é muito vaidosa, até. Aliás, vai dizer que tem coisa mais linda que aqueles vestidos bem costurados em azul marinho, ou o próprio turquesa?

Caroline Garcia disse...

Aliás, voltando: Tem toda razão. É muita mais importante aprender valores do que aprender a usar só rosa e se vestir como uma Barbie. E sim, a sociedade tem muito mais com o que se preocupar do que com roupa.